Mangueira que floresce ideia que acontece...

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por Amanda Corrêa da Silva e Sueli de Souza Cagneti

Não é por menos que Chuva de Manga, texto e ilustrações de James Rumford, recebeu o selo Altamente Recomendável da FNLIJ em 2005.  A narrativa, ambientada em uma aldeia do Chade, país africano, é construída na singeleza do cotidiano através dos passos do pequeno Tomás. A história se desvela com naturalidade e assume em seu decorrer uma aura poética. O espaço mágico se instaura nos pontos de encontro entre natureza e imaginação. Dois movimentos se entretecem na narrativa: o período das chuvas que lava a terra para que as mangueiras possam florescer e frutificar – daí o título do livro - e a ideia que brota na imaginação de Tomás. Um acontece sem a perda de significação do outro; ambos coexistem com a naturalidade das coisas que se pertencem.
Rui de Oliveira nos diz que uma das finalidades da arte de ilustrar é atuar como um prisma do texto e não como um espelho¹ para que o leitor caminhe também nas veredas que a imagem revela. É nessa direção que palavra e imagem percorrem as trilhas do literário em Chuva de Manga. As cores quentes das ilustrações evocam o clima seco próprio da região, mas também exprimem uma alegria leve, sutil – a alegria que nasce com a chuva das mangas.
O livro conta com um recurso que vem sendo utilizado com frequência nas produções infantojuvenis – particularmente as que atravessam a questão da africanidade: textos informativos que situam o leitor sobre alguns componentes da obra. No caso de Chuva de Manga o informativo nos dá um panorama geográfico e cultural simples da região do Chade e conta-nos um pouco do que é, como e quando ocorre a chuva das mangas.
            Em tempos em que as discussões sinalizam para a importância de se pensar a pluralidade e a multiplicidade que compõem as várias esferas da sociedade, Rumford nos presenteia com Chuva de Manga que configura, sem dúvida, um papel significativo nesse cenário. 

RUMFORD, James. Chuva de Manga. São Paulo: Brinque – Book, 2005.
¹OLIVEIRA, Rui de. Pelos Jardins Boboli: reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.


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2 comentários:

Sonia Regina Reis Pegoretti disse...

Maravilhosa resenha, Amanda!

Anônimo disse...

Muito boa a resenha! E o livro também!

Rafaela

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