Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, que consistia em construir um texto híbrido a partir da análise de obras infantis juvenis por ela selecionadas. Os textos consistiam em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada. O resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

O Universo infantil na obra de Stephen Michael King


Bruno Dietrick Rodrigues
Gabriel da Costa Porto Silva
Samantha Schubert


A obra Patrícia, de Stephen Michael King, foi publicada originalmente em 1997 pela Scholastic Australia Pty Limited e no Brasil pela Brinque Book Editora, também em 1997.
O livro conta a história de uma garota chamada Patrícia, que nutria muitos pensamentos dentro de si e tinha uma profunda necessidade em compartilhá-los com alguém. A menina tenta falar com sua mãe, pai e avó, porém nenhum deles lhe dá atenção. Só encontra um confidente no seu avô, afinal, ele também adorava dividir suas ideias.
O autor oportuniza diversas reflexões referentes aos personagens mãe, pai e avó, representantes da constante desatenção dada às indagações no período da infância, uma fase onde a criança pergunta sobre tudo e todos, já que está curiosa para descobrir o mundo em que está inserida. A falta de atenção desses familiares também permite uma reflexão sobre o dia a dia corrido de um adulto. Patrícia queria falar e ser ouvida. Queria alguém de confiança para repartir seus secretos pensamentos.
As ilustrações de King possibilitam interpretações que a linguagem verbal não é capaz de oferecer. Um exemplo disso é o cenário em que a figura do avô se encontra. Diferentemente dos cômodos em que se encontram a mãe, o pai e a avó, há variados pensamentos que brotam de seu sono. E há também um pensamento alegre fora da gaiola, enquanto que no cômodo da avó, esse mesmo pensamento está angustiado. O avô, na história, é a figura acolhedora que não permite a ausência de sua criança interior.
Com todas as suas reflexões, a história aborda a importância da infância. O voltar a ser criança exige um amadurecimento ainda maior que o tornar-se adulto. A criança pensa e necessita ser considerada. Retratar os pensamentos de uma criança é fundamental para adentrar no universo infantil.

KING, Stephen Michael. Patrícia. São Paulo: Brinque-Book, 1997.


Os acadêmicos também produziram um vídeo utilizado para a contação da história e para refletir sobre possíveis comparações de Patrícia com os contos de fadas e a contemporaneidade. 




Bruno Dietrick Rodrigues é graduando em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, apaixonado por música e amante de jogos e filmes. 

Gabriel da Costa Porto Silva é graduando em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) e em tempo vago se conduz em meio à música.

Samantha Schubert é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Inglesa) e duela constantemente com seus estranhos e imprevisíveis devaneios enquanto caminha e dança com a palavra.
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, que consistia em construir um texto híbrido a partir da análise de obras infantis juvenis por ela selecionadas. Os textos consistiam em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada. O resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

Os contos de fadas e "Por quê?"

Ana Carolina da Silva
Bruna M. dos Reis
Kauane Cambruzzi
Nicole Spindola

Clássicos da literatura mundial, os contos de fadas têm origem em tempos remotos e nem sempre se apresentaram como os conhecemos hoje. O aspecto fantasioso e lúdico que hoje os envolve surgiu da necessidade de minimizar enredos controversos e polêmicos, próprios de uma época em que a civilização ainda não havia inventado o conceito que hoje conhecemos tão bem: a infância. Chamamos de contos de fadas porque são histórias que têm sua origem na cultura céltico-bretã, na qual a fada, um ser fantástico, tem importância fundamental. A primeira coletânea de contos infantis surgiu no século XVII, na França, organizada pelo poeta e advogado Charles Perrault. As histórias recolhidas por Perrault tinham origem na tradição oral e até então não haviam sido documentadas. Sendo assim, a Literatura Infantil como gênero literário nasceu com Charles Perrault, mas só seria amplamente difundida posteriormente, no século XVIII, a partir das pesquisas linguísticas realizadas na Alemanha pelos Irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm). 

Com o tempo, os contos de fadas foram sofrendo alterações,. A essas alterações que foram necessárias para diminuir o impacto negativo das estórias originais. Hoje, histórias com temáticas violentas podem afetar negativamente na formação das crianças. Mas, ainda há resquícios dessas histórias, com temáticas um pouco mais leves, e mesmo assim impactantes. "Por quê?", de Nikolai Popov nos traz um não final feliz, o que um costumeiro conto de fadas traria, e um final que não traz a solução para o problema, e sim um questionamento. Sendo assim, faz com que o próprio leitor decida qual a moral que ele levará desse livro.

O livro nos traz questionamentos de algumas atitudes negativas que o ser humano costuma ter como a inveja, a cobiça, a vaidade e o egoísmo. E como consequência disso, a guerra. Sem muitas palavras, o livro apresenta ilustrações, que falam por si só, e protagonistas aparentemente simpáticos. Uma rã admiradora de belas flores, e um ratinho com seu guarda-chuva laranja, que depois se mostra muito invejoso.

O ratinho acaba por atacar a “pobre” rã e uma guerra é então iniciada. No fim, nenhum dos dois se lembra a real razão para o início de tanto desastre. O livro, apesar de infantil, nos faz refletir o por quê crescer pode ser tão desastroso. Onde, num mundo que nos faziam acreditar que deveríamos ser bons com o próximo, o “eu” está sempre na frente.

POPOV, Nikolai. Por quê? São Paulo: Ática, 2000.


Bruna dos Reis é graduanda em Letras (Língua Portuguesa) na Univille. É professora do Estado e divide suas leituras entre literatura e marxismo. 

Kauane tem os cabelos cacheados e sabe que deve agradecer à bisavó por eles, assim como deve agradecer ao pai por lhe comprar livros e à mãe por lê-los, trazendo a literatura para sua vida.

Nicole Talgatti Spindola, graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa), é apaixonada por ensino e vê na educação a chance de uma vida mais leve. 
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, voltada para a criação de textos híbridos a partir da análise de obras infantis juvenis previamente selecionadas. Com uma resenha crítica e um vídeo, um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

Amizade e aprendizagem

Andreza Moreira Martins 
Bruna Saramento Furlan
Suellen do Nascimento Silva 

O livro Pedro e Tina, de Stephen Michael King, publicado pela editora Brinque-Book narra a história de Pedro, que fazia tudo ao contrário. Suas linhas não saíam retas, e quando todos olhavam para cima, ele olhava para baixo. Contudo, ele se divertia por aí cheio de alegria. Um dia, ele encontra Tina e a partir daí, novas aventuras e aprendizagens estão para surgir.

A garotinha fazia tudo corretamente, mas lá no fundo ela não queria fazer tudo tão certinho. Apesar de suas diferenças, os dois se tornam grandes amigos. Ensinando um ao outro é que aprendem muitas coisas novas e até constroem juntos uma casinha na árvore!

As ilustrações dessa linda história são feitas pelo próprio autor, Stephen Michael King, e trazem com encanto cores e muita graça para a narrativa. A amizade dessas duas personagens cativantes retrata uma mensagem muito importante e especial para compartilhar e praticar!

KING, Stephen Michael. Pedro e Tina. São Paulo: Brinque-Book, 1999.



Além da resenha crítica, as acadêmicas produziram um vídeo com uma comparação do livro com os contos de fadas! 

Andreza Moreira Martins é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Língua Inglesa) pela Univille. Adora séries e músicas e é apaixonada pela gramática.

Bruna S. Furlan é graduanda em Letras na Univille e acredita que as palavras gentis são sempre a melhor escolha.

Suellen do Nascimento Silva é graduada em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) e acredita que em cada livro há uma possibilidade de conhecer mundos novos. 
Nicole Barcelos


O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, 
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia 
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia [...] 
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia 
E para onde ele vai 
E donde ele vem. 
E por isso, porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia. 
(Alberto Caeiro, in Fernado Pessoa, O Guardador de Rebanhos) 


Rio é vida. É também cama de canoa, espelho da lua, caminho de peixe e carinho de pedra, nas palavras de Leo Cunha em Um ria, um rio, publicado pela editora Pulo do Gato em 2016 – não ao acaso também no “aniversário” de um ano da tragédia de Mariana (MG), ocorrida em 5 de novembro de 2015. 

Dando voz a um rio (aqui sabemos se tratar do próprio Rio Doce), que é narrador e eu-lírico da poesia verbal e visual tecida em dolorosa harmonia por Cunha e André Neves, que assina a ilustração; a obra traduz o “indizível”. Pois, esse eu-lírico, olhando para seu próprio passado, presente e futuro de uma terceira margem, lança nova luz sobre essa tragédia que levou, essencialmente, toda a vida dentro, fora e às margens do rio.

Pois, é com gosto de doçura interrompida que o leitor acompanha, página a página, o rio se tingir de tons cada vez mais escuros, deixando o azul límpido e tranquilo até sangrar em vermelho amargo o fim das escolas, dos campinhos, dos trens, do riso das crianças, das festas de domingo e dos cantos dos ribeirinhos.

Ao final do livro, é essa bittersweetness que se pode sentir na boca, acompanhada de um aperto no coração, acalentados apenas pelo azul que volta a colorir as páginas da obra, pontuando a esperança de que esse rio, um dia, volte a ser o que já foi.


CUNHA, Leo. Um dia, um rio. Ilustr.: NEVES, André. São Paulo: Pulo do Gato, 2016.



Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
Nessa terça-feira (31/10) o 59º Prêmio Jabuti revelou seus vencedores para o ano de 2017. Entre os 87 premiados (de 1º, 2º e 3º lugar), destacamos dois livros das categorias infantis: "A Boca da Noite", de Cristino Wapichana (3º lugar na categoria de Livro Infantil) e "Adélia", de Jean-Claude Alphen (1º lugar na categoria Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil). Venha descobrir que, talvez,  essas duas histórias tenham mais em comum do que a premiação que receberam e confira as resenhas delas abaixo!


Os Mistérios da Boca da Noite

Gabrielly Pazetto

A Boca da Noite, de Cristino Wapichana, com ilustrações de Graça Lima, lançado em 2016 pela editora Zit, acompanha as façanhas do indiozinho Kupai e seu irmão Dum. Juntos, eles descobrem os mistérios d’A Boca da Noite

Dum e Kupai, dois curumins, ouvem, sob a luz da fogueira, a história da Boca da Noite, e ficam imaginando como seria esta tal boca, afinal, “se tem boca, deve haver um corpo!”. E, morrendo de medo, sonham, ou melhor, perdem o sono, pensando que aquela boca enorme e cheia de dentes pode devorá-los. 

A escrita de Wapichana envolve. Cheia de diálogos e reflexões narradas em 1ª pessoa, o escritor consegue transmitir a cultura do povo Wapichana, criar personagens cativantes e ainda desenvolver uma história divertida e cheia de mistério, mas onde tudo acaba bem no final, pois “É a boca da noite que ajuda a manter o equilíbrio da vida na Terra e de todos os viventes”. 

As ilustrações de Graça Lima são uma obra de arte à parte. Em uma página, somos banhados pelo luar e a noite, em outra é o Sol que enche o livro do seu amarelo intenso. Enquanto Wapichana nos presenteia com a sua envolvente narrativa escrita, Graça Lima apresenta uma verdadeira composição de tons, texturas e traços, coroando a obra dos pequenos curumins. 

WAPICHANA, Cristino. A Boca da Noite. Rio de Janeiro: Zit, 2016.


La vie en rose

Nicole Barcelos

Em um mundo cinzento, pincelado timidamente de rosa e verde, vive Adélia. De dia, ela brinca com seus irmãos. À noite, porém, enquanto todos dormem, algo um tanto estranho acontece com a pequena personagem que dá nome à obra de Jean-Claude Alphen.

Publicada em 2016 pela editora Pulo do Gato, Adélia cria, em uma narrativa em que texto visual e verbal (ambos de autoria de Alphen) engendram relação simbiótica, uma deliciosa história sobre descobertas – tanto para sua protagonista quanto para o próprio leitor que a acompanha. 

Pois, nesse delicado livro, matizado pelas cores de seus personagens, somos conduzidos por entre as lacunas criadas pelos ditos e não-ditos, luzes e sombras lançados pelo narrador que propositalmente recorta a história com suas palavras e desenhos de modo a provocar felizes surpresas à cada virada de página. 

Singularmente singelo, Jean-Claude Alphen encanta com traços e verbos bem colocados nessa história em que, é certo, nada é por acaso.


ALPLHEN, Jean-Claude. Adélia. São Paulo: Pulo do Gato, 2016.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.

Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
Tecnologia do Blogger.