Em 2016, o Prolij fomentou o surgimento de um projeto vinculado chamado Nastácias&Gepetos: criando bonecos com vida!, coordenado pela graduanda em Letras e então bolsista do programa, Cymara Scremin Schwartz Sell. O projeto visava a criação e confecção de bonecos de pano representando personagens da literatura infantil juvenil, a serem distribuídas em escolas e em projetos sociais, para incentivar a leitura e a contação de histórias. Esse processo criativo foi desenvolvido inteiramente por voluntários, graduandos e egressos de Letras, que dedicaram uma tarde semanal ao desenvolvimento de desenhos, moldes e costuras!

Ao final do ano, o projeto havia desenvolvido alguns materiais internos e também um material para a distribuição a escolas e instituições sociais: o "kit" d'A Bolsa Amarela. Pois, inspiradas pela história de Lygia Bojunga, em que Raquel começa a guardar suas vontades em uma bolsa amarela de segunda mão, nossas Nastácias e Gepetos deram vida às suas próprias versões de bolsas e do galo Afonso, como o intuito de criarem, assim, "objetos mágicos" para incentivar a leitura e contação de histórias.

Desse modo, neste ano de 2017, foram procuradas instituições a que se doar esse material, sendo escolhidas: o Espaço Criativo Julio Emílio Braz, um projeto social que desenvolve atividades voltadas para o incentivo à leitura e à socialização com crianças no bairro Jardim Paraíso, e a própria Biblioteca Infantil Monteiro Lobato do Colégio Univille, anexo ao campus Bom Retiro da Universidade.

As entregas se deram em 30 de junho e 27 de setembro, e, agora, bolsa e galo ficam nesses espaços para fazerem despertar vontades em leitores em formação, de acordo com as propostas de cada mediador de leitura que deles utilizar! Com eles foram nossa vontade, porém, de fazer crescer o interesse pela leitura e pelo literário, e o encanto pela magia que uma "simples" bolsa pode provocar!

A Bolsa Amarela e Galo Afonso, material desenvolvido pelo grupo Nastácias&Gepetos.


Professora Berenice Rocha Zabbot Garcia entrega a Bolsa Amarela e o galo Afonso para Mariza Schiochet, representante do Espaço Criativo Julio Emílio Braz, no dia 30 de junho, na Biblioteca Pública Rolf Colin.

Professora Berenice Rocha Zabbot Garcia entrega a Bolsa Amarela e o galo Afonso à Kauane Cambruzzi, bibliotecária na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, no dia 27 de setembro no Colégio Univille.

Nicole Barcelos

Existem algumas regras para se ser um bom vizinho: não fazer barulho de manhã cedo ou tarde da noite; cumprimentar os outros moradores ao dividir o elevador; e manter, ao que parece, sempre muita discrição, e não incomodar nunca, em hipótese alguma, ninguém! Assim parecem pensar, ao menos, os pais da protagonista de O meu vizinho é um cão, que se chocam com a chegada dos novos vizinhos de prédio que não são nada comuns. 
Originalmente publicado em Portugal pela Planeta Tangerina, no Brasil, o livro ganhou edição da extinta editora Cosac Naify no ano de 2010. Nele, o leitor acompanha uma das moradoras do prédio em que se desenrola toda essa história, e a chegada de cada novo vizinho que vem ocupar os apartamentos vazios. 
Primeiro chega o cão, com suas caixinhas e caixões, espalhando pelo no prédio e tocando seu saxofone. Depois, um par de elefantes cujo “dar de trombas” parece pouco usual. Por fim chega o jacaré, aparentemente ameaçador, mas de muito bom coração. Enquanto a menina se encanta por cada um deles, seus pais reprovam as atitudes dos novos inquilinos, não vendo o que ela vê de bom nas diferenças de cada novo vizinho. Em um momento, assim diz o texto de Isabel Minhós Martins:

“No outro dia disse aos vizinhos: 
‘Não acham esquisito que os meus pais vos achem esquisitos?’ 
Ao que eles responderam imediatamente: 
‘Os teus pais é que são esquisitos!’.
‘Olham-nos de cima a baixo’, queixou-se o cão. 
‘E sempre com um ar superior’, disseram os elefantes” 

Com texto visual de Madalena Matoso em tons de rosa, vermelho e azul (muito premiado, aliás), a história tem certo tom de fábula às avessas, afastando o leitor de uma moral fechada em si mesma e, pelo contrário, abrindo a possibilidade de se olhar para o outro com novos olhos.

MARTINS, Isabel Minhós. O meu vizinho é um cão. Ilustr.: MATOSO, Madalena. São Paulo: Cosac Naify, 2010.


Nicole Barcelos é graduanda em Letras na Univille (Língua Portuguesa e Língua Inglesa). Atua como bolsista do Prolij e vive se perdendo em buracos de coelho.
Ao longo do terceiro bimestre da disciplina de Literatura Infantil Juvenil, a professora dra. Berenice Rocha Zabbot Garcia desenvolveu uma atividade com os acadêmicos do 2º ano de Letras, voltada para a criação de textos híbridos a partir da análise de obras infantis juvenis previamente selecionadas. Consistente em uma resenha crítica da obra e uma leitura comparativa analisando sua relação com contos de fada, o resultado de um dos trabalhos desenvolvidos pode ser conferido abaixo!

“Mamãe, e o meu beijo?”

Ana Luíza Busnardo
Beatriz Maria Eichenberg
Flavia Schlogl
Gabrielly Pazetto
Luana Simão
Tamara Gericke
Thiago Túlio Pereira

Um beijo é, sem dúvidas, um dos maiores atos de afeto que dois seres podem demonstrar, um em relação ao outro. Seja de amor, amizade ou companheirismo, deixar de recebê-lo é um tanto quanto desconfortável, e é isso que acontece na obra "O Beijo", da escritora e ilustradora Valérie D’Heur: uma pequena ave, após receber instruções de sua mãe para mais um dia, espera por um beijo de despedida, mas a mãe, muito apressada, não o dá.
É interessante observar como a autora traz a perspectiva da contemporaneidade para o texto, pois o narrador-personagem fala sobre sua mãe: “Estava muito apressada hoje”, manifestando, assim, a realidade de muitos pais e mães que esquecem diariamente dos filhos-aves.
Após ter seu beijo esquecido, a pequena ave vai em busca de algum outro animal que possa lhe beijar, e passa pela girafa, a avestruz, um felino, mas acaba mesmo é criando laços com o rinoceronte, o que é bastante interessante, pois a figura do rinoceronte é a personificação da força e também dos laços familiares, já que a fêmea do rinoceronte permanece com o filhote por vários anos.
Para coroar a composição, a autora traça ilustrações que brincam com tons pastéis e com o ambiente da savana, fazendo da experiência do leitor ainda mais intensa e divertida.




D’HEUR, Valérie. O Beijo. São Paulo: Brinque-Book, 2003.

Além da resenha crítica, os acadêmicos desenvolveram um blog com diversos textos apontando semelhanças entre a obra lida e contos de fada, além de trazerem aspectos da obra para a contemporaneidade. O blog pode ser acessado clicando na imagem abaixo!


Ana Luíza Busnardo é estudante de Letras (Português e Inglês), curte rock, fã de The Beatles, adora cachorros e fala Top!

Beatriz Maria Eichenberg é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille. Vive em meio à música e compõe canções que falam do coração.

Flávia Schlögl é estudante de Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa e professora de Inglês em uma escola de idiomas. Está sempre viajando por uma série, um livro ou por uma música, mas ela sabe que o coração da vida é bom.

Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.

Luana Simão é graduanda em Letras na Univille (Língua Porutuguesa e Inglesa) e divide seu tempo vago lutando em batalhas épicas, governando reinos distantes e viajando pelo hiperespaço.

Tamara Gericke é graduanda em Letras (Língua Portuguesa e Inglesa) pela Univille, paulista, se vendeu na primeira mordida de chineque com farofa, prolixa, não sabe sintetizar as ideias, levou, por exemplo, dois dias pra escrever isso.

Thiago Túlio Pereira é Professor de Geografia e graduando em Letras pela Univille. Ama ler o Mundo através dos livros, das observações e das viagens, e escrever sobre essas leituras.
Nesse ano, de 2 a 4 de agosto, o Prolij (Programa Institucional de Literatura Infantil Juvenil da Univille) esteve na cidade do oeste paulista de Presidente Prudente para discutir as (trans) formações de leitores pelo texto literário no V Congresso Internacional de Literatura Infantil Juvenil do CELLIJ (Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil "Maria Betty Coelho Silva"). O programa já havia participado do evento em 2004, também em Presidente Prudente, casa do CELLIJ (vinculado à Universidade Estadual Paulista, UNESP), então ainda com 7 anos de existência.

Agora, aos 20 anos, o Prolij foi representado no evento pela apresentação de um poster (exposto no dia 3 de agosto, no próprio campus da UNESP), intitulado Eu livro, tu livras, nós livramos: a transformação do não-lugar em lugar a partir da disseminação literária, que tratava do projeto vinculado Liberte um livro

As representantes desse e da Univille (Universidade da Região de Joinville) a viajarem a Presidente Prudente foram as acadêmicas bolsistas do programa, Nicole de Medeiros Barcelos, apresentadora do trabalho, e Gabrielly Pazetto, que compartilham a autoria do poster junto às professoras Berenice e Alcione, além da ex-bolsista do programa, Cymara Scremin Schwartz Sell. 

Abaixo, é possível conferi-lo na íntegra!



Gabrielly Pazetto

1981: Brasil em plena ditadura militar. A recém-revogação do AI-5 e o fim do bipartidismo levaram o país a traçar os primeiros passos para enfim restabelecer sua democracia e abandonar os férreos tempos de ditadura - mesmo assim, a população ainda estava sob as mãos de aço dos militares. 
Ruth Rocha, paulista, então com cinquenta anos, a partir da observação deste contexto, constitui a obra O que os olhos não veem. Um rei, de um reino muito distante, sofre de uma doença terrível: não consegue ver os seus súditos (porque eram muito pequenos) e não consegue ouvi-los também. Da mesma forma que os súditos do rei não eram ouvidos, nem vistos, a população brasileira no contexto da ditadura militar também não era. 
Ruth Rocha, assim, constrói uma narrativa divertida, brincando com palavras e versos em rimas espertas: “E assim, quem fosse pequeno, / da voz fraca, mal vestido, / não conseguia ser visto. / E nunca, nunca era ouvido.” 
As ilustrações de Carlos Brito, por sua vez, brincam com as cores e os tamanhos dos súditos e do rei. Através de tons vibrantes, ele ilustra barões, cavaleiros, ministros, camareiros, damas, valetes e um rei, todos bem rechonchudos. 
Desta forma, O que os olhos não veem é uma obra indispensável para se pensar sobre poder e, mesmo que o sistema político tenha mudado, continua atual, trinta anos após sua primeira publicação.

E todos juntos, unidos 
Fazendo muito alarido 
Seguiram para capital, 
Agora, todos bem altos 
Nas suas pernas de pau. 
Enquanto isso, nosso rei 
Continuava contente. 
Pois o que os olhos não veem 
Nosso coração não sente...” 

 (trecho do livro)


ROCHA, Ruth. O que os olhos não veem. Ilustr.: BRITO, Carlos. São Paulo: Moderna, 2012. 


Gabrielly Pazetto é graduanda em Letras (Língua Porutuguesa e Inglesa) pela Univille, atua como bolsista no Prolij e faz dos livros que lê barcos de viagens inesquecíveis.
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